Gyodai era um turbilhão de emoções — alegria, ódio e confusão se misturavam ao rever seu verdadeiro mentor: Anastásia. O disfarce de Piatagóras havia caído, revelando a necromante em toda sua glória macabra. As memórias enevoadas pela tormenta não o deixavam distinguir o passado do presente, mas uma coisa era clara: os Puristas haviam corrompido sua mestra, e por isso ele desejava sangue e vingança.
Glomer, após longo hiato e ocupar seu tempo em suas engenhocas, se coloca à disposição para viajar para Sckarshantallas.
Gyodai tentou barganhar com Raisenzan, sugerindo que, com a recompensa certa, poderia ocultar o fato de a tiara ter vindo do próprio dragão. Raisenzan, porém, riu com desdém e recusou, afirmando que não se importava se dissessem que ele a havia encontrado, contrariando o que ele disse mais cedo, que é um dragão muito jovem para morrer e não pode se apresentar em Sckarshantallas. Enfim... O dragão revelou ainda que vários artefatos da deusa Beluhga estavam espalhados por Arton. Diante disso, Gyodai declarou que marcharia para Sckarshantallas com coragem, disposto a provar seu valor. Agora, com Anastásia ao seu lado, sua determinação ardia ainda mais forte.
*Kobta conversa entre os kobolds para traçar suas próximas estratégias e revezam entre si, quem vai ficar por cima, quem fica por baixo, quem vai ser o braço que balança a espada... Entre olhares cúmplices e cutucões, cochichos, risadinhas eles completavam seu rodízio, digno da astúcia de seu povo*
Sir Finley eleva sua voz e diz que ele irá para o reino do dragão com eles. Carregando consigo diversos igredientes como ovos de Cocatriz, Anástácia consola seu filho Gyodai e diz que agora eles juntos são invencíveis. Ela mostra suas novas habilidades e como necromante, conjura servos mortas-vivos para seus aliados.
Quando o grupo chega às terras abrasadoras de Tyros, o sol de Azgher castiga todos, queimando suas forças e derretendo sua esperança. É então que a sombra toma o céu: uma revoada de Serpes — wyverns de escamas negras e ferrões venenosos — mergulha em direção ao grupo, liderada por dois ginetes armados até os dentes. O chão treme com o bater de asas. O cheiro de veneno e carne podre se espalha no ar.
*A batalha começa.*
Os Serpes mergulham como lanças vivas, e Sir Finley é o primeiro a sentir o impacto: presas se cravam em sua carne, rasgando sua pele e deixando-o ensanguentado. Ele é erguido no ar, debatendo-se como uma presa prestes a ser devorada. A cada ferrão que o atravessa, sua pele adquire tons de roxo, o veneno queimando suas veias por dentro.
Kobta se disfarça em ilusões espelhadas, dezenas de cópias rodopiando em meio à poeira e ao calor, confundindo os inimigos. Mas seu truque não o impede de sentir o cheiro ferroso do sangue de Finley escorrendo no chão.
Gyodai, após ficar perdido nos devaneios da tormenta, desperta em fúria. Seus olhos brilham com o poder caótico e seus membros se alongam grotescamente, como garras de um pesadelo vivo. Ele agarra os ginetes montados nos Serpes e os esmaga contra o ar, ossos estalando sob sua força desumana. *“Desprezar a Realidade”*, ele sibila, enquanto a tormenta se contorce ao seu redor como um manto de caos.
Anastásia ergue as mãos e uma névoa sufocante envolve a batalha. Sob seu comando, os mortos se erguem em meio às areias ardentes. Ossadas rangem, crânios flutuam, e o medo se espalha entre as feras aladas. Com uma voz gélida, ela lança *Amendrontar* — e até os Serpes, monstros predadores de sangue, recuam em terror.
Mas a revoada ainda ataca Sir Finley com selvageria, cravejando seu corpo de ferrões venenosos. *O homem-sapo urra de dor, escorrendo baba misturada a sangue, lutando para não ser rasgado em pedaços.*
Então, Kobta e Gyodai unem forças em um golpe devastador. *Kobta imitando o antigo aliado Travok cria um onda cortante de energia atravessa o céu através de seu ataque especial, dilacerando as asas de várias feras.* Sangue negro cai como chuva quente. Gyodai se lança sobre a revoada, braços múltiplos esmagando crânios e rasgando asas em pedaços*
Sir Finley, à beira da morte, reúne suas últimas forças. *Com um giro desesperado, ele escapa e ataca com seu chicote envenenado em mãos e língua disparada como uma lança, ele acerta um dos ginetes no pescoço, atingindo-lhe num estalo grotesco. Gyodai finaliza com seu Punho de Mitral, ossos e sangue explodindo em uma chuva carmesim.*
O último ginete tenta fugir, bem debilitado após o golpe de Kobta, mas Anastásia não permite: um Crânio Voador o atinge em cheio, seguido do miasma pútrito sem piedade que devora sua carne até que cai inerte ao chão.
A revoada foge com medo pois seus mestres haviam caído.
Por fim, o silêncio retorna. O ar cheira a carne queimada, veneno e morte. Gyodai e Sir Finley extraem dos cadáveres o precioso veneno das criaturas, enquanto Kobta limpa o suor e Anastásia absorve a energia necromântica dos corpos ainda quentes.
O grupo, exausto, procura abrigo sob o sol escaldante, carregando nos olhos o reflexo de uma batalha selvagem onde a vida esteve por um fio — e o sangue jorrou como chuva sobre Tyros.
Texto por Roberto Oliveira.
Revisão por Leandro Carvalho.
Imagem gerada por IA pela MetaIA.