quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Orcs e carcajus




Atravessamos o riacho sob o murmúrio da correnteza, e, antes de mergulharmos novamente no caos, fizemos um breve piquenique. Não era um momento de paz — era a calmaria do predador antes do bote. Entre bálsamos e essências de mana, Jalin, como o bufão que é, retirou algumas garrafas de sua mochila. As bebidas não só aqueciam o corpo, mas incendiavam a alma; cada gole parecia afiar lâminas invisíveis dentro de nós. O álcool de Jalin transformava simples golpes em execuções.

Marchamos pela floresta, guiados por Thrak’Zul. As árvores cerradas guardavam o sussurro da morte que se aproximava. Num caminho estreito, vimos Orcs — não apenas perseguindo, mas caçando com selvageria uma ninhada de carcajus.

Thrak’Zul, com um brilho assassino no olhar, murmurou que eram da tribo rival. Bolgg, alheio à rixa, só pensava em domar um dos carcajus para a guerra. Um bárbaro e sua fera — era um pensamento tão perigoso quanto poético.

Foi o bastante. O combate começou.

Thrak’Zul atiçou Gyodai e Beleg, prometendo levá-los até a aldeia inimiga e aos tesouros que jazeriam sobre ossadas frescas.

Beleg, cujo ódio pelos Orcs rivalizava com o fogo de mil fornalhas, sentiu o sangue ferver. Os olhos se tornaram rubros como brasas, e a corda do arco gemeu sob a tensão. A Marca da Presa brilhou e a flecha partiu — cortando o ar como um grito. Atingiu o ponto fraco de um Orc, rasgando carne e osso. O monstro urrava, não de dor comum, mas de uma agonia que ecoaria no pós-vida.

Jalin ergueu a voz em canto, e sua música não era melodia — era uma marcha para a matança. Cada acorde inflamava músculos, cada verso transformava hesitação em sede de sangue.

Gyodai recordou as lições de Zanzertein e liberou uma névoa espessa que engoliu o campo de batalha, cegando inimigos e protegendo aliados. Seus punhos se cobriram com a fúria da tormenta; veios rubros pulsavam sob a pele, prometendo destruição.

Então Bolgg… Bolgg deixou a besta sair.

Ativou sua fúria bárbara e mergulhou na névoa, o rugido atravessando as almas dos Orcs. Guiado pelo Totem de Concentração, desferiu um golpe crítico que não matou — despedaçou. O corte partiu o inimigo em duas metades grotescas; vísceras e sangue espesso se espalharam como uma oferenda aos deuses da carnificina. Os Orcs, em vez de recuar, responderam com ódio renovado. A promessa de vingança foi cuspida com dentes cerrados.

Aric invocou um campo de força, transformando-se numa muralha viva.

Dentre os inimigos, surgiu Ghukk, o Vingativo. Rugiu que o Orc morto lhe devia uma dívida — e que agora cobraria em sangue. Avançou para perfurar o pescoço de Bolgg, mas uma das cobras mortas-vivas se arremessou diante da lâmina, morrendo outra vez para salvá-lo.

Rhol, o Desfigurado, vangloriou-se de treinar cortando cabeças de velociraptors e golpeou Bolgg na cintura — a lâmina ricocheteou contra a pele dura do bárbaro, mas deixou a promessa de mais dor.

Gon, o Cruel, auto-intitulado provador de caixões, investiu contra Aric. A armadura do mago refletiu o ataque com o brilho de um sol zombeteiro.

Jalin, rápido, ergueu a gema da iluminosidade, cegando Ghukk e acompanhando o ato com um discurso tão cortante que os próprios Orcs vacilaram.

Gyodai lançou magia de velocidade e agarrou dois Orcs pelo queixo,  impedindo que eles se apresentem com braços extras surgindo para esmagar rostos com uma fúria ritmada.

Bolgg não esperou — desferiu outro golpe colossal, transformando um dos Orcs presos em nada além de um lago de sangue e ossos pulverizados.

Aric, imitando a velocidade de Gyodai, sacou sua presa da serpente e atingiu Gon com um golpe harmonizado que perfurou a carne como manteiga.

A batalha se tornou uma dança macabra.

— Rhol tentou caçar Jalin na névoa… e acabou ferido na perna.

— Os Orcs presos tentaram se libertar para "se apresentar" antes de morrer. Gyodai riu. “Morrerão anônimos.”

— Outro caiu inconsciente sob seus múltiplos socos; Bolgg esmagou o último como quem apaga uma fogueira com o pé.

Aric matou Gon, o provador de caixões, deixando-o sem provar o próprio.

Foi quando surgiu um Orc de duas cabeças que se apresentava - Eu sou o Orcmutante — duas cabeças, o dobro da feiura. Avançou contra Jalin, que aparou um golpe e recebeu outro no corpo, o impacto sacudindo ossos. O bardo devolveu com uma chifrada brutal, antes de se curar com magia.

Os ataques seguintes foram uma carnificina encadeada:

— Rhol, o Desfigurado, morreu com uma flecha de Beleg atravessando seu pescoço.

— Gyodai prendeu mais dois Orcs, só para Bolgg matá-los como bonecos de pano.

— Aric perfurou o coração de Ghukk, o Vingativo.

— O próprio Orcmutante errou um ataque e atingiu sua própria cabeça num ricochete grotesco.

— Gyodai agarrou o monstro e esmagou suas duas mentes num abraço que virou massacre.

Quando a poeira e a névoa baixaram, o silêncio era pesado.

Bolgg, ainda com respingos de sangue no rosto, caminhou até um carcaju ferido. Ajoelhou-se, aplicou bálsamo e ofereceu comida. O animal, que minutos antes seria caça, olhou para o bárbaro com respeito instintivo. Talvez… um pacto tivesse sido selado.


Texto por Roberto Oliveira. 

Revisão por Leandro Carvalho. 

Imagem gerada por IA pelo Bing.

Um comentário:

  1. Faz tempo que não passo por aqui e me surpreendo com a mudança do grupo, mais mortíferos e sanguinários.. nem procuram por tesouros, o calor da batalha é o sangue dos inimigos já os confortam..

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