Seguimos pela estrada poeirenta rumo ao feudo de Tyros, sob o sol impiedoso de Sckarshantallas. O vento seco carregava o cheiro de ferro e enxofre — um presságio. As terras pareciam amaldiçoadas, pois a cada milha, novas crias de Megalokk, o Deus dos Monstros, emergiam do nada. Nenhum de nós cogitou recuar. A estrada era um campo de provação, e nós, os Cobra Véia, a lâmina que resistia ao caos.
O chão estremeceu. Do pó, ergueram-se os Oxxdon — aberrações de escamas e quitina, parte lagarto, parte gafanhoto, com antenas faiscantes e caudas bifurcadas que zumbiam com energia elétrica.
Gyodai avançou primeiro. Um rosnado gutural ecoou em sua garganta enquanto conjurava Névoa da Tormenta, obscurecendo o campo e confundindo os inimigos. Seu corpo pulsava com energia viva — a tatuagem de Armamento da Natureza brilhou como lava sob a pele. Um dos Oxxdon investiu contra ele, mas o lefou ergueu um escudo arcano que crepitou sob o impacto.
Sir Finley, com frieza de assassino, embebeu seu chicote em Peçonha Concentrada e essência de sombra. O som do couro cortando o ar foi seguido por um estalo seco — o golpe certeiro atingiu um ponto vital, e o monstro contorceu-se em dor enquanto sangue elétrico jorrava, faiscando no chão.
A resposta foi brutal: uma onda eletromagnética se espalhou em todas as direções. O ar cheirava a ozônio e carne queimada. Gyodai se protegeu com um novo campo de força, enquanto as faíscas carbonizavam o solo à sua volta.
Tomado pela fúria da Tormenta, Gyodai ativou Empunhadura Rubra e Visco Rubro. Suas veias brilharam em vermelho incandescente, e seus múltiplos braços se moveram em um frenesi impossível. O lefou lançou Concentração em Combate, depois Punho de Mitral — seu punho brilhou como aço vivo ao atravessar a carapaça do Oxxdon. O impacto fez a criatura tremer, cuspir sangue negro e cair em pedaços fumegantes. A manopla de Gyodai se desintegrou sob o esforço, reduzida a cinzas.
Kobta entrou na dança, disparando suas três pistolas em sequência. Cada tiro era uma nota em uma sinfonia de destruição. As balas perfuraram o abdômen do Oxxdon restante, arrancando-lhe jorros de líquido ácido.
Sir Finley continuou seu massacre, girando o chicote envenenado como uma serpente faminta. Ao lado dele, Gyodai conjurou mais uma vez o Punho de Mitral, enquanto o chão vibrava com a energia pulsante das ondas eletromagnéticas. O lefou riu, desprezando a realidade, ignorando o próprio sofrimento e o caos à sua volta.
Kobta manteve-se à distância, disparando metodicamente para evitar o campo elétrico. Quando uma descarga se aproximou, ergueu o Escudo da Fé, protegendo Gyodai em um lampejo de luz divina.
Sir Finley não hesitou — seu golpe Assassinar atingiu o pescoço de outro Oxxdon, arrancando-lhe a vida num espasmo convulsivo. O corpo caiu, e logo quatro novas criaturas emergiram do solo rachado, acompanhadas de um colosso: o Oxxdon Alfa, reluzindo como uma estátua viva de ferro e relâmpago.
Mas Anastásia interveio. Seus olhos brilharam com magia necromântica, e com um gesto frio ela lançou Metamorfose — o gigante tremeu, gritou... e diante de nós, restou uma ovelha. Uma ovelha monstruosa, desorientada, inofensiva em seu desespero.
Gyodai não perdeu tempo. Avançou como um furacão de membros e socos, esmagando ossos e carne. O chão se tingiu de sangue e peles carbonizadas. Kobta aproveitou a brecha, disparando contra os demais Oxxdon, enquanto Sir Finley chicoteou a pobre criatura transformada, o chicote doutrinador estalando com precisão cirúrgica. O golpe final arrancou-lhe um último grunhido de dor antes que o corpo tombasse inerte.
Anastásia ergueu as mãos novamente — Infligir Ferimentos — e a última criatura caiu, seu corpo retorcido e consumido por trevas.
O silêncio se fez. O cheiro de ozônio e carne queimada tomava o ar. Recuperamos as forças com poções, essências de mana e o viscoso muco revigorante de Gyodai. As feridas se fecharam com dor, as bolhas de queimadura ainda latejando.
Seguimos adiante, cambaleantes mas determinados. Ao longe, o horizonte tremeu — asas. As próximas crias de Megalokk se aproximavam. As Serpes haviam nos encontrado.
Texto por Roberto Oliveira.
Revisão por Leandro Carvalho.
Imagens geradas por IA por Rafael Soares.